O US Fed aumenta a taxa de juros após uma pausa de um ano, ritmo mais rápido adiante

WASHINGTON - O Federal Reserve dos EUA levantou na quarta-feira a taxa de juros de referência em 25 pontos base, a primeira e única vez em 2016, e indicou um ritmo de caminhada mais rápido no próximo ano.

"Em vista das condições esperadas do mercado de trabalho e da inflação, o Comitê (Federal Open Market) decidiu elevar a faixa alvo para a taxa de fundos federais para 1/2 a 3/4 por cento", disse o Fed em uma declaração depois de concluir uma reunião política de dois dias.

Confiança na economia

A expansão econômica moderada, o fortalecimento contínuo do mercado de trabalho e a melhoria da condição de inflação apoiaram o banco central para aumentar a taxa de juros após quase uma pausa de um ano, de acordo com o extrato.

"Nossa decisão de aumentar as taxas é certamente entendida como um reflexo da confiança que temos no progresso da economia e nosso julgamento de que esse progresso continuará e a economia provou ser extremamente resiliente", disse a presidente da Fed Janet Yellen em uma coletiva de imprensa na quarta-feira.

A economia dos EUA cresceu a uma taxa anual de 3,2% no terceiro trimestre deste ano, superior ao crescimento do segundo trimestre de 1,4%, impulsionado pela forte despesa dos consumidores; o mercado de trabalho continuou a fortalecer e a taxa de desemprego caiu para 4,6% em novembro, o nível mais baixo desde 2007; e a inflação aumentou desde o início deste ano, com taxa de inflação subindo para 1,7% em outubro.

De acordo com as projeções econômicas divulgadas na quarta-feira, as autoridades do Fed esperavam que a economia dos EUA crescesse 1,9 por cento este ano e 2,1 por cento no próximo ano, ambos um ponto percentual das previsões de setembro.

Em dezembro do ano passado, o banco central dos EUA aumentou a taxa de juros pela primeira vez em quase uma década. No entanto, uma desaceleração da economia global desde o início deste ano e uma baixa condição de inflação tornaram os formuladores de políticas do Fed cautelosos e impedem novas subidas de taxas para sete reuniões consecutivas este ano.

De acordo com a declaração de quarta-feira, os funcionários do Fed avaliaram que "os riscos a curto prazo para as perspectivas econômicas parecem grosseiramente equilibrados", mas reiterou que eles continuarão a acompanhar de perto as indicações da inflação e os desenvolvimentos econômicos e financeiros globais.

Incerteza que obscurece o caminho da taxa futura

Após a eleição de Donald Trump como o próximo presidente dos EUA, o mercado de ações dos EUA atingiu recordes na expectativa das políticas tributárias e do plano de investimentos em infraestrutura da Trump.

Todos os funcionários do Fed "reconhecem que há uma incerteza considerável sobre como as políticas econômicas podem mudar e o que ela pode fazer e como o Fed pode reagir", disse Yellen em resposta aos planos econômicos do Trump.

Ela advertiu que a política fiscal não é, obviamente, necessária para incentivar a economia a retomar o pleno emprego, já que a taxa de desemprego caiu para baixo nível de pré-recessão e o grau de desaceleração no mercado de trabalho diminui.

No entanto, Yellen enfatizou que o banco central fará as políticas fiscais, juntamente com outras coisas, como as condições globais e os preços do petróleo, nas perspectivas econômicas e descobrir a política monetária apropriada.

De acordo com as projeções econômicas, o banco central prevê três aumentos tarifários no ano que vem, enquanto em suas projeções de setembro, as autoridades federais esperavam apenas duas subidas de taxas em 2017.

O ligeiro ajuste ascendente da previsão refletiu a consideração dos funcionários do Fed sobre a queda da taxa de desemprego, disse Yellen. Ela também mencionou que alguns funcionários incorporaram alguma suposição de uma mudança na política fiscal em suas projeções.

Mas ela enfatizou que "estamos operando sob uma nuvem de incerteza no momento e temos tempo para esperar para ver quais mudanças ocorrem e fator isso em nossa tomada de decisão à medida que obtemos maior clareza".